É janeiro, o mês que remete à
mudança e àquela doce vontade de recomeçar. O mês das promessas e da esperança,
e não é de hoje que as coisas não são mais como antes. Não é de hoje que tenho
a sensação de que o controle escorreu pelas mãos e que caminhos escolhidos pela
impulsividade levam à decepção. O cheiro, as paredes, os livros as músicas e
até mesmo o paladar: tudo mudou, ficando cinza como o céu em dia de trovoada.
Os pés anseiam por outros caminhos, mas o coração gosta da sensação de manter-se
batendo no mesmo lugar, aconchegado na lamentação de viver de olhos fechados
para o que o mundo grita em mostrar. “Você não era assim!”, a voz em minha
cabeça me alerta da escolha que o coração quer tomar; então respiro, levanto e
recomeço, pois ficar aqui sentado não vai mandar embora lembranças que
machucam. E tudo se vai, restando apenas memórias do tempo em que beijos doces
e a sinceridade ainda faziam parte do cenário.