Uma nova realidade aparece e ela
sente que seus dias simplesmente se vão, à toa. Percebeu que ao tomar seu café
da manhã, não tem mais companhia e isso faz com que, sem perceber, termine a
refeição com pressa, a fim de ir ao encontro de alguém, que seja nas ruas da
cidade. Não entende o porquê da corrida contra o tempo, talvez pela pressão
vivida ao longo dos anos, sempre tendo alguém para questionar o porquê da
demora.
Sem se apegar a deidades ou
religiões, a compaixão e a bondade fizeram sua história dar certo. Acredita na
conspiração e no poder do universo. Apressada, esqueceu das doenças que tem e
encarou sua verdade de frente. Com medo do escuro e envergonhada de mostrar a
pele, possui diversas cicatrizes pelo corpo e seu cabelo não é lá tão bom
assim. Com a pancada na cara, vive todos os dias anestesiada, buscando libertar
sua respiração falhada.
Por muito tempo desinteressou
pelos livros, músicas e toda aquela cultura que costumava ter. Hoje tenta
resgatar suas raízes e buscar algo que de fato a convença do correto. Não tem
interesse em ouvir a opinião alheia e não se importa com o que os outros vão
dizer. A pressa a fez cumprir com suas obrigações e responsabilidades, mas
ainda sai do eixo de vez em quando.
A dor persiste em suas entranhas,
mas sabe que vai passar. Abraçou a dor, a ferida, a tristeza e convive bem com
seus sentimentos. Hoje não acredita em final feliz, mas em final justo. Sem
pressa.