quarta-feira, 13 de março de 2013


Uma nova realidade aparece e ela sente que seus dias simplesmente se vão, à toa. Percebeu que ao tomar seu café da manhã, não tem mais companhia e isso faz com que, sem perceber, termine a refeição com pressa, a fim de ir ao encontro de alguém, que seja nas ruas da cidade. Não entende o porquê da corrida contra o tempo, talvez pela pressão vivida ao longo dos anos, sempre tendo alguém para questionar o porquê da demora.

Sem se apegar a deidades ou religiões, a compaixão e a bondade fizeram sua história dar certo. Acredita na conspiração e no poder do universo. Apressada, esqueceu das doenças que tem e encarou sua verdade de frente. Com medo do escuro e envergonhada de mostrar a pele, possui diversas cicatrizes pelo corpo e seu cabelo não é lá tão bom assim. Com a pancada na cara, vive todos os dias anestesiada, buscando libertar sua respiração falhada.

Por muito tempo desinteressou pelos livros, músicas e toda aquela cultura que costumava ter. Hoje tenta resgatar suas raízes e buscar algo que de fato a convença do correto. Não tem interesse em ouvir a opinião alheia e não se importa com o que os outros vão dizer. A pressa a fez cumprir com suas obrigações e responsabilidades, mas ainda sai do eixo de vez em quando.

A dor persiste em suas entranhas, mas sabe que vai passar. Abraçou a dor, a ferida, a tristeza e convive bem com seus sentimentos. Hoje não acredita em final feliz, mas em final justo. Sem pressa.

terça-feira, 12 de março de 2013

Durante a madrugada


Eu preciso extrair o gosto amargo da boca. A garganta se fecha para o que tem vontade de cuspir, tentando esconder a feiura do sentimento e poupando o outro de se magoar. Mas enfim, novos ventos aparecem, deixando-me mais tranquila em relação às escolhas por mim tomadas. Uma noite de extremo desconforto demonstra o quanto ainda existe prisão às lamúrias do passado e o quanto há necessidade de esvaziar a mente de conflitos que não valem a dor da pele.

Sinto a liberdade atingida, simplesmente por tomar uma decisão, a qual tinha medo em me comprometer. Com o passar dos dias, a dor vai indo embora, restando apenas o trauma vivido, como uma lembrança que em breve será esquecida. Em breve, não me lembrarei de seu gosto amargo, nem das maldades ditas. Em breve, a alegria tomará conta do meu coração e conseguirei obter maturidade para imaginar que um dia, lá atrás, vivi algo tão bom quanto nos filmes românticos.