quarta-feira, 1 de maio de 2013

A casa e o tempo

O piso ainda é o mesmo. Frio, claro e manchado pelo passar dos anos em que ali está, fixado no chão. Durante esse tempo, muitos andaram por ali, apressados, outros mais preguiçosos e alguns sem perceber que a pisada dura e forte poderia danificar ainda mais seu porcelanato já quase sem o brilho do verniz.
 
As paredes, com pintura mal feira e rachaduras nos cantos, revelam que nem mesmo a mais recente reforma pode apagar o desgaste que o tempo dá de presente. Nas janelas de ferro, a ferrugem aparente implora para que um simples raio de Sol apareça e atravesse suas dobradiças, fazendo iluminar o interior da casa envelhecida.
 
Por mais que tenha passado por retoques ao longo dos anos e tente parecer nova, a casa transparece memórias de longos anos vividos, duros anos que a fizeram amadurecer e compreender que não se pode disfarçar o cansaço da vida que segue. Percebeu que as rachaduras sempre voltarão à tona, anunciando sua real identidade. Assim, permanece escondida em sua casca protetora feita de cimento, gesso e tinta.