segunda-feira, 24 de novembro de 2008

para você,

foto por João Coutinho


O sorriso que não sai do rosto desconcentra.
As palavras não conseguem sair da minha cabeça, não consigo transmiti-las pro papel. Eu deveria me preocupar com a distração, mas meu coração pula de alegria quando eu viajo nas lembranças de um final de tarde com o céu estampado de nuvens que parecem algodão se escondendo atrás de montanhas de pedra, junto com a chuva fina que São Paulo já perdeu. Eu gostaria de parar o tempo e repetir as doses de olhares tranqüilos e apaixonados, repetir as palavras, ouvir de novo e abraçá-lo como se fosse o último dia, só por hoje. Eu preferia ser romântica e escrever cartas de amor, mas a racionalidade faz com que eu te mostre o caminho verdadeiro, pois o da fantasia é fantástico demais para a realidade da distância. Mas o adeus não é pra sempre. Ele é a força que faz com que eu queira insistir nas minhas loucuras de sair daqui e pular em braços que até então eram desconhecidos e que ao mesmo tempo são os braços mais confortáveis que já me abraçaram. Perdi o medo e a vontade de querer saber o que será de mim daqui pra frente. A realidade exige que eu a encare de fato. Por isso vou manter esse sentimento guardado dentro de mim; por isso vou segurá-lo pela mão e saltar no primeiro abismo em busca dos meus sonhos.


Penso no dia em que tudo isso vai começar...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

explode teu peito,menina.

foto por: João Coutinho
É muito mais do que eu imaginava que seria. É bem mais doce do que o favo de mel que eu experimentei no interior da cidade. É algo que domina o corpo inteiro, faz os pêlos arrepiarem, faz-me tremer. É bem mais bonito do que os poemas de amor que eu leio antes de dormir. Bem mais profundo do que as palavras Saramago ou Machado de Assis. É bem mais desafiador do que quando tento desafiar meu medo de altura. É bem melhor do que deitar pra dormir em lençóis novos depois de tomar banho. É muito mais gostoso do que tomar sorvete de amora na praia que parece raspadinha no verão. É mil vezes melhor do que escutar Chico Buarque baixinho, na poltrona do meu quarto com papel e caneta na mão. É bem mais emocionante do que qualquer filme romântico. É bem mais excitante do que “nove semanas e meia de amor”.
É muito mais do que eu imaginava que seria e mal cabe no meu coração. É bem maior do que o meu coração. É bem maior do que meu corpo inteiro e bem maior que minha fantasia.
Quero preencher-me.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

do verbo apaixonar.

foto por: Day Medeiros
Meus olhos ficaram confortavelmente fixos em uma direção por alguns segundos, quando alguém me interrompeu perguntando se o café estava pronto. Pisquei e respondi que não sabia. (Maldito aquele que me faz dispersar quando estou viajando pelo meu pensamento apaixonado).
Tentei voltar meu pensamento ao lugar distante de onde veio todo esse sentimento que faz meu peito explodir. Consegui finalmente fechar os olhos e lembrar-me daquele que fez meus dias de chuva sorrirem, que me abraçou por completo, deixando seus braços encaixarem nos meus, sem medo do que iria acontecer depois.
Abri os olhos, mas ainda longe, meus pensamentos não voltaram para o presente, para o que eu realmente deveria me importar, para o trabalho acumulado, para as preocupações diárias... Meus pensamentos continuaram tão longe quanto eu gostaria de estar. Eles me prendem e fazem com que meu corpo se arrepie de lembranças. Eles me confundem e me enraivecem.
As paixões me agridem, deixam marca e fazem doer meu estômago com seu ácido corrosivo. Elas não têm piedade quando fazem com que eu me perca no seu jardim que se transforma em labirinto, elas simplesmente aparecem sem se importar com a minha ordem de não querê-las perto de mim; dentro de mim.
Tudo poderia ser mais fácil, mas infelizmente o ser humano ainda não descobriu um antibiótico para fazer arrancar as paixões de dentro da gente como num truque, estalando os dedos.
Fecho os olhos novamente, dessa vez tentando seriamente voltar para o mundo real. Respiro vagarosamente até meu pensamento ficar sem resquícios de pessoas, até meu pensamento ficar vazio. Tão vazio quanto eu, antes de conhecer a paixão.
Finalmente volto pra rotina.
E as pessoas falam, olham e puxam conversas sem sentido.

Apaixonar-se é um sofrimento opcional.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

uma carta. (para B.W.)


Hoje o céu está mais claro e está caindo a ficha: “nem tudo é o que parece ser”. Sorriso nos lábios, tentando encontrar motivos para achar que eu fiz a coisa certa. Tenho medo desse meu jeito impulsivo de ser. Medo de fazer coisas que eu não deveria. Medo desse meu jeito de fazer tudo sem pensar e medo de trovões antes da chuva. Estou super feliz, obrigada! Mas ao mesmo tempo estou me sentindo saturada de alguns certos assuntos que sempre ficam ali, empacados e não tomam outro rumo. A minha cabeça fica esgotada de problemas que eu criei. Pra todos eles, eu sei que existe uma solução, mas eu tenho um caso sério a ser tratado: eu penso em todas as possibilidades para resolver problemas antes mesmo deles acontecerem. Acho que aprendi isso com você à um tempo atrás.
Indução. E eu fico pensando que tem tanta gente no mundo com os mesmos problemas que os meus, ou até mesmo piores. E eu me culpo por sentir-me culpada, me culpo por reclamar tanto. Mas é sempre assim, só aprenderei a valorizar quando eu perder tudo de uma vez. Você sabe como eu sou.
É sempre assim que as coisas acontecem né? Nós nunca estamos satisfeitos com nada. Temos tudo, mas nos sentimos injustiçados por não ter mais. É, eu sempre quero mais.
Hum, o que eu fiz da minha vida? Bem... Eu não plantei uma árvore, mas no pré-primário fiz crescer um pé de feijão em um copinho descartável com algodão. Também pretendo escrever um livro (juro que você estará na dedicatória). O filho? Eu dispenso!
Eu fico por aqui, tentando revelar-te mais um pouco dos meus dias longe de você. Dias que demoram e arrancam de mim a felicidade que eu tive.

Saltos

Eu recomecei.
Aperto o botão que liga o computador, sento-me confortavelmente na cadeira e coloco fones de ouvido imensos para que eu não escute nada além do som de Jeff Buckley. Porque hoje eu o quero completamente; quero que sentir a discografia impreguinar meus ouvidos e não me deixe dormir com ruídos...
Tento escrever algo concreto, uma resenha, uma crônica, mas tudo acaba em bolinhas de papel amassadas pelo chão do quarto e o caderno continua vazio, servindo de apoio para o óculos que já deixou a minha vista cansada.Eu continuo apertando esses pequenos botões com letras estampadas para formar palavras. Eu insisto em apertá-los como se de dentro de mim fosse sair explosões de frases bonitas; mas tudo fica sem sentido novamente.
Daí, eu penso em tomar um café, mas lembro que nem pra isso eu sirvo - já que não sei fazer café - e continuo com uma garrafa de água gelada e suada do meu lado. As gotas de água condensada caem até a superfície da mesa cinza, formando um desenho por baixo da garrafa. Um círculo que pode ser uma Lua Cheia ou um Sol.
Sinto-me vazia depois de um dia divertido. Sinto-me arrependida por gritar com quem não devia ou falar bobagens pra muitos por aí. Mas quem nunca se sentiu como uma rosa cheia de espinhos, a ponto de ferir alguém a qualquer momento?Quando sinto-me rosa, lembro daqueles olhos implorando por beijos. Aquele olhar intenso, daqueles que quando lembro o chôro faz a garganta doer, mas sequer sai pelos olhos. A frieza permanece pela metade dentro de mim. Tudo agora é pela metade. O bolo de chocolate, os filmes de domingo, o cobertor, a música, os shows, as noites, o eu-lírico e os livros... Tudo o que era completo, tornou-se metade.
O Jeff continua cantando - agora ele diz: "ela chora nos meus braços, andando ao brilho das luzes na aflição"
Voz clara, deliciosa que vai deslizando pelos meus ouvidos e faz com que eu enxergue tudo dentro de mim e com que eu possa sentir o coração pulsando mais rápido conforme os toques do violão.
O quarto ainda está na mesma posição, os objetos espalhados da mesma maneira. Não preciso de nada agora além da necessidade. Um dia eu encontro a chave.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

tentando ser poeta, ela envergonha-te

foto por: Day Medeiros

Saboreando vontades, eu me arrependo.
Me lambuzo de erros e com vontade lambo os beiços.
Saudade de não ter que fazer escolhas,
De ser criança, sair correndo do colégio e beber coca-cola no gargalo.
Aquela, de cinqüenta centavos.
Essa era a única escolha que eu tinha que tomar:
Coca-cola ou guaraná?
Os meus sonhos acordaram e eu me deparei com a contradição de ter que escolher entre um deles.
Saudade de sonhar,
Correr por madrugadas de sono
E viver onde os pássaros falam.
Eles não são de mentira.
Eles me fazem saborear os dias,
Por mais que os dias estejam lotados de erros. (Saborosos erros).

sábado, 1 de novembro de 2008

entrevista

A Indústria Fonográfica decaiu? As bandas tem mais dificuldade para crescer hoje em dia por causa dessa decadência?Em um papo descontraído com o Tyello, guitarrista da banda Dance of Days e mentor do estúdio Rock Together, eu descobri as vantagens de divulgar o som da sua banda pela Internet.
Sábado, 14 horas. Chego com meu amigo Douglas, baixista da banda Matriarka no Estúdio Rock Together. Não demora nem cinco minutos e Tyello vem nos atender. Super simpático e receptivo comecei explicando sobre o quê seria a entrevista e ele mostra certa timidez, com a justificativa de que está nervoso. Depois de uma conversa, e mais relaxada, eu inicio a entrevista para saber mais sobre a Indústria Musical atual.

Camila: Você acha que a Indústria Fonográfica saturou ou ela está buscando se adequar às novas tendências de distribuição?
Tyello: Eu acho que ela nunca quer se adequar, na verdade eu acho que ela está pouco se fodendo. Hoje no Brasil um CD custa 35 reais de uma banda nacional e eu acho isso um abuso. Deveria custar no máximo 15 reais. E esse alto custo dá margem à pirataria, download...

Camila: Você acha que hoje em dia o público ainda busca o mp3 como pesquisa?


Tyello: Bom, mp3 sempre como pesquisa, né. Eu, por exemplo sou amante de cds. Escuto a banda pelo mp3 na Internet e se eu gostar mando importar, vou comprar, mesmo de banda nacional eu compro. O CD pra mim nunca vai sair de moda.


Camila: Como o advento Internet modificou o meio musical? Por que hoje se faz tão necessário o uso da Internet pra divulgar a arte em si?
Tyello: Eu comecei a 14 anos atrás. O Dance of Days já tem 10 anos. Antigamente não tinha essa explosão da Internet, era tudo por carta. Aí surgiu a Internet o que melhorou na divulgação. Hoje mesmo podemos ver a quantidade de bandas que divulgam o som pela Internet. A Internet tornou essas bandas possíveis. Até mesmo o Fresno que era uma banda de internet, hoje em dia está grande. O Nx Zero também... A Internet é a cena; é a importância total pra cena.
Camila: Aqui no estúdio, ou até mesmo na banda, quais são as principais ferramentas de tecnologia ligadas à Internet que vocês utilizam? E o que você acha que ainda pode ser explorado nesse meio?
Tyello: Esse ano a gente lançou um álbum na Internet chamado "Álbum Virtual". Ele é disponibilizado inteiro pra download. Você baixa a capa e o conteúdo inteiro. E eu acho que essa é uma puta ferramenta, até pro estúdio é importante. Eu fico online aqui e as bandas já marcam o ensaio comigo, na hora. A Internet é tudo. Eu já não conseguiria viver sem a Internet.


Camila: E você acha que a Internet também é uma prova pras gravadoras e selos? Fica mais fácil escolher com quem trabalhar, sabendo o perfil de cada banda?
Tyello: Com certeza. Vai que um "Rick Bonadio da vida" está lá no computador dele e encontra o site da sua banda. E dá pra escolher as bandas, né. De falar: "Pô! Essa tem potencial, essa não..."

Camila: Com tanta informação e tecnologia, como você vê o futuro das bandas independentes dessa geração?
Tyello: Pô, tá vindo muita coisa. 2008 está meio saturado, mas tudo passa. Tem muita banda hoje em dia por causa da Internet. Mas depois que essa moda de bandas na Internet passar, eu acredito que a Internet continua e as bandas que sobreviverem a essa geração continuam.




Para quem quiser conhecer mais sobre a banda Dance of Days e o Estúdio Rock Together, acessem:
- http://www.fotolog.com/danceofdays
- http://www.fotolog.com/rocktogether