sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Saltos

Eu recomecei.
Aperto o botão que liga o computador, sento-me confortavelmente na cadeira e coloco fones de ouvido imensos para que eu não escute nada além do som de Jeff Buckley. Porque hoje eu o quero completamente; quero que sentir a discografia impreguinar meus ouvidos e não me deixe dormir com ruídos...
Tento escrever algo concreto, uma resenha, uma crônica, mas tudo acaba em bolinhas de papel amassadas pelo chão do quarto e o caderno continua vazio, servindo de apoio para o óculos que já deixou a minha vista cansada.Eu continuo apertando esses pequenos botões com letras estampadas para formar palavras. Eu insisto em apertá-los como se de dentro de mim fosse sair explosões de frases bonitas; mas tudo fica sem sentido novamente.
Daí, eu penso em tomar um café, mas lembro que nem pra isso eu sirvo - já que não sei fazer café - e continuo com uma garrafa de água gelada e suada do meu lado. As gotas de água condensada caem até a superfície da mesa cinza, formando um desenho por baixo da garrafa. Um círculo que pode ser uma Lua Cheia ou um Sol.
Sinto-me vazia depois de um dia divertido. Sinto-me arrependida por gritar com quem não devia ou falar bobagens pra muitos por aí. Mas quem nunca se sentiu como uma rosa cheia de espinhos, a ponto de ferir alguém a qualquer momento?Quando sinto-me rosa, lembro daqueles olhos implorando por beijos. Aquele olhar intenso, daqueles que quando lembro o chôro faz a garganta doer, mas sequer sai pelos olhos. A frieza permanece pela metade dentro de mim. Tudo agora é pela metade. O bolo de chocolate, os filmes de domingo, o cobertor, a música, os shows, as noites, o eu-lírico e os livros... Tudo o que era completo, tornou-se metade.
O Jeff continua cantando - agora ele diz: "ela chora nos meus braços, andando ao brilho das luzes na aflição"
Voz clara, deliciosa que vai deslizando pelos meus ouvidos e faz com que eu enxergue tudo dentro de mim e com que eu possa sentir o coração pulsando mais rápido conforme os toques do violão.
O quarto ainda está na mesma posição, os objetos espalhados da mesma maneira. Não preciso de nada agora além da necessidade. Um dia eu encontro a chave.

Um comentário:

m disse...
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