quarta-feira, 12 de novembro de 2008

do verbo apaixonar.

foto por: Day Medeiros
Meus olhos ficaram confortavelmente fixos em uma direção por alguns segundos, quando alguém me interrompeu perguntando se o café estava pronto. Pisquei e respondi que não sabia. (Maldito aquele que me faz dispersar quando estou viajando pelo meu pensamento apaixonado).
Tentei voltar meu pensamento ao lugar distante de onde veio todo esse sentimento que faz meu peito explodir. Consegui finalmente fechar os olhos e lembrar-me daquele que fez meus dias de chuva sorrirem, que me abraçou por completo, deixando seus braços encaixarem nos meus, sem medo do que iria acontecer depois.
Abri os olhos, mas ainda longe, meus pensamentos não voltaram para o presente, para o que eu realmente deveria me importar, para o trabalho acumulado, para as preocupações diárias... Meus pensamentos continuaram tão longe quanto eu gostaria de estar. Eles me prendem e fazem com que meu corpo se arrepie de lembranças. Eles me confundem e me enraivecem.
As paixões me agridem, deixam marca e fazem doer meu estômago com seu ácido corrosivo. Elas não têm piedade quando fazem com que eu me perca no seu jardim que se transforma em labirinto, elas simplesmente aparecem sem se importar com a minha ordem de não querê-las perto de mim; dentro de mim.
Tudo poderia ser mais fácil, mas infelizmente o ser humano ainda não descobriu um antibiótico para fazer arrancar as paixões de dentro da gente como num truque, estalando os dedos.
Fecho os olhos novamente, dessa vez tentando seriamente voltar para o mundo real. Respiro vagarosamente até meu pensamento ficar sem resquícios de pessoas, até meu pensamento ficar vazio. Tão vazio quanto eu, antes de conhecer a paixão.
Finalmente volto pra rotina.
E as pessoas falam, olham e puxam conversas sem sentido.

Apaixonar-se é um sofrimento opcional.

3 comentários:

skjik jkshsh disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
skjik jkshsh disse...

Hoje acordei olhei no espelho, abri a torneira e respirei fundo. Como a água estava gelada! ótimo melhor assim, enchi as mãos e o peito de coragem para molhar o meu rosto. Por apenas um segundo pensei como pode algo ser tão transparente, não ter cheiro ou gosto?. Agora já despertado e com o rosto lavado, volto meu olhar para espelho e me pergunto: - É só por hoje? – E ontem?. O mesmo sentimento continua, a duvida é vai continuar?.
As horas passam, os peixes nadam e nadam sem rumo, pois vivem dentro de um quadrado onde todos podem observar suas vidas, mais mesmo assim eles não parecem estar preocupados com o que eu ou você pode pensar. Mesmo com uma casa tão cheia de água os hábitos são os mesmo, pois é só abrir a tampa que prontamente sobem para comer. Estaria eu me molhando em uma água gelada para escapar de um sentimento? mesmo existindo toda prova do mundo que só a água não é o suficiente?.
Volto minha concentração as atividades do meu dia. Percebo que algo esta faltando. Aquele bom dia. Não posso deixar isso acontecer pois não quero morar dentro de um tanque e ser alimentado, eu quero alimentar, tomar atitude, ter domínio no que esta acontecendo sem medo de errar ou acertar. Apenas quero tentar.
Percebi que tenho vontade de um cigarro mesmo não fumando, que durmo dentro de um banheiro mesmo achando minha cama a melhor do mundo. Descobri também que a distancia pode ser boa para algumas coisas, mais é péssima para varias outras.
Tentamos às vezes desenhar um coração mesmo quando o nosso mesmo não visitamos para perguntar como ele esta. Mais sabemos que algo falta você faz falta e a distancia sempre vai existir.

Carla P.S. disse...

Sei...
O café tá pronto, pode beber.