terça-feira, 14 de outubro de 2008

Mais um devaneio.

Rendo-me ao sacrifício repetitivo e insignificante. Eu sei que deveria pender para o lado da maturidade, pois a responsabilidade nunca foi a minha cara; mas ao mesmo tempo gosto quando o vento toca meus cabelos anunciando a liberdade que eu tanto esperava ao sair de casa com minhas sandálias de salto.
O cigarro apagou pra sempre, dessa vez. As garrafas foram todas quebradas nas esquinas por onde eu ando. Tudo mudou em mim, menos os lugares que eu freqüento. De ruins, foram para lixinhos concentrados no centro da cidade aos olhos dos que vêem de fora, mas são lugares que me confortam, com pessoas que eu acostumei a conviver. Se eu escondo as marcas em meus olhos e em meus braços, é hoje sou bem mais consciente do efeito que elas poderiam causar anos atrás; e hoje poderiam causar a mim mesma aquela estranha sensação de nostalgia quebrando em ondas de frio dentro do meu estômago.
Hoje eu consigo abrir os olhos pra realidade, consigo discernir o certo do errado e separar a dor. Hoje a dor tem estágios, sei controlá-la. Hoje a dor é inexistente e o sofrimento permanente. É o sofrimento que faz com que meus olhos fiquem abertos, faz com que os apêndices fiquem atentos à dor da cicatriz.
Eu ainda abro um sorriso de deboche quando tentam entender o que eu escrevo ou quando dizem que tudo o que eu transmito em minhas letras são histórias baseadas na minha vida. Eu sempre adorei o romantismo literário, sempre quis ser personagem de algum livro e a atriz principal de alguma peça de teatro. Deve ser por isso que viajo quando começo a apertar estes botõezinhos compostos de letrinhas no teclado de frente pra tela do computador. O próximo passo é comprar uma máquina de escrever, pra que os escritos não fiquem em uma tela apenas, mas em um papel com cheiro de tinta fresca.
O próximo passo virá junto com um livro que espera uma inspiração do além para começar. E ultimamente as inspirações não têm sido minhas amigas. Elas preferem se esconder junto com as minhas cicatrizes debaixo da blusa, por trás dos meus olhos.

Agora meus dedos estão cansados. Vou voltar pra rendição de ser quem eu quero ser um dia.

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